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Ele casou e foi para o interior. No fretado até o trabalho, criou um negócio que capta R$ 50 milhões

Atualizado: 5 de set. de 2023


Empresa vai comprar ônibus e vans para alugar a operadores de fretados Antonio Carlos Gonçalves, da Fretadão: em 2022, triplicaram o tamanho (Flávio Florido / Ricardo Yoithi Matsukawa - ME/Divulgação)


O problema do empresário Antonio Carlos Gonçalves começou com o casamento. Quando casou, se mudou para o interior de São Paulo, mas precisava voltar todos os dias para a capital paulista para trabalhar. Só que não conseguia ter boa experiência com os fretados que contratava para levá-lo ao trabalho.



“Eu não sabia onde o fretado estava, por onde ele andava”, diz Gonçalves.Foi quando se juntou com outros dois colegas de trabalho e desenvolveu uma plataforma para ajudar a monitorar o caminho da van.



Foi o início da startup Fretadão. Hoje, a proposta dela é um pouco diferente. A empresa ajuda outras companhias a fazerem gestão de fretados para os funcionários. Funciona assim: uma companhia contrata a startup e fornece as informações sobre os funcionários que precisam ser buscados em casa para o trabalho. A partir daí, a startup traça rotas, contrata fretados terceiros e organiza a parte de logística e monitoramento dos veículos.


Já são 82 empresas atendida s, que transportam 26.000 pessoas diariamente. Agora, preparam uma novidade com um aporte de 50 milhões de reais.



Como o Fretadão nasceu e cresceu


Foi 2013 quando Gonçalves casou e começou a enfrentar problemas com os fretados.Ele comentou sobre esse problema com dois outros colegas na Abril. Foi quando discutiram a criação de um aplicativo para monitorar o fretado em tempo real. A primeira versão saiu em janeiro de 2015. O negócio ainda era tratado como um projeto a ser feito no tempo livre, mas ao final do primeiro ano, usando técnicas de SEO, já tinham alcançado 1.000 acessos na plataforma.


Em 2016, passaram a se dedicar exclusivamente ao negócio. É quando perceberam que havia uma outra dor além - e talvez maior - do que o consumidor final: a de empresas organizarem suas rotas de fretados.

“Vimos que nas empresas, as dores com transportes de funcionários era ainda mais intensificada”, diz Gonçalves. “Um ônibus carregava oito, 15 pessoas. Poderia ser uma van. Às vezes, as rotas ficavam desatualizadas há mais de ano. As empresas precisavam de roteiros de frotas”.


As primeiras linhas empresariais foram fechadas em 2017, e desde então foram crescendo. O faturamento da startup é por uma mensalidade do serviço de transporte, sendo que uma parte vai para o Fretadão e outra vai para o fretado terceirizado. A ideia é sempre ser parceiros terceirizados. Até agora.



Qual a nova aposta da Fretadão


A ideia da Fretadão é ter uma rede de operadores parceiros que fazem as rotas pela Fretadão. Como a demanda tem crescido, porém, os atuais operadores logísticos não têm veículos suficientes para atender os clientes da startup.


A empresa vai comprar veículos e oferecer para locação aos seus parceiros logísticos. “O veículo é da Fretadão, vem com todas as licenças, seguros, e entregamos o veículo para o operador, que coloca o próprio motorista e opera as linhas que entrega para ele”, diz Gonçalves.


Como funcionará o aporte


O aporte de 50 milhões de reais será fracionado. Inicialmente, usarão 14 milhões de reais, com o cronograma de usar o montante inteiro até meados do ano que vem. Quem assina o cheque é a EXT Capital.


O montante será investido totalmente na compra de ônibus, micro-ônibus e vans para a criação de uma frota própria. A ideia é que o Fretadão disponibilize estes veículos para serem operados por seus parceiros transportadores, em um formato de aluguel.

Os primeiros veículos já estão sendo comprados. Com os 14 milhões de reais, vão conseguir comprar 40. Quando todo o valor for usado, serão 130 veículos adquiridos.


A Fretadão está apostando neste modelo também por conta do mercado. Por conta das novas legislações de emissões de gases poluentes na atmosfera, os veículos precisam de novos motores - os Euro 6 -  e isso aumentou o preço da frota em 30%. Ou seja: está mais caro comprar ônibus e vans. A ideia é poder oferecer uma possibilidade para esse operador que, no momento, não tem dinheiro para comprar um novo veículo.

A meta é que essa nova frente de negócio represente um incremento de 30% na receita.



Como a Fretadão atravessou a pandemia


Em um primeiro momento, pode-se pensar que uma empresa que transporta funcionários para trabalharem fisicamente nas empresas sofreu durante a pandemia. Mas não foi o caso da Fretadão. Isso porque, mesmo antes da crise da covid-19, 85% dos clientes eram da indústria e da logística, que continuaram a trabalhar presencialmente - e até cresceram durante o período.


“Nossos clientes de indústria e de logística dobraram ou triplicaram de tamanho”, afirma Gonçalves. “Acabou que crescemos junto com os players que tiveram que manter os funcionários dentro da empresa. E tivemos que dobrar a frota para dar distanciamento presencial”.


A empresa não abre o faturamento, mas diz que cresceu 10 vezes em 2020. Em 2021, o crescimento foi de cinco vezes. E em 2022, triplicaram de tamanho.

A volta aos escritórios também possibilitou uma nova fonte de receita. É um produto chamado transporte flexível, em que o funcionário agenda antes quando vai ao escritório e só pega o transporte quando faz o agendamento. Com isso, a rota vai mudando diariamente, garantindo mais economia para a empresa.



Quais os desafios da Fretadão


Nem tudo são flores na startup. Há desafios a serem vencidos também. Um deles é de estruturação de governança. “Hoje o principal desafio é continuar crescendo, dobrar ou triplicar de tamanho, mas mantendo processo de governança”, afirma o CEO.

Para tentar resolver isso, estão criando fundos e conselhos, inclusive com membros independentes. Também estão auditando externamente seus balanços. O objetivo é que “o crescimento acelerado não se torne, nos próximos anos, nossa fraqueza dentro do negócio”


Escrito por Daniel Giussani


Repórter de Negócios Formado em jornalismo pela UFRGS, escreve sobre negócios e empresas desde 2019. Foi repórter em coluna de economia no jornal Zero Hora e na Rádio Gaúcha. Está na Exame desde 2023


FONTE: EXAME


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